Neste texto procura-se olhar para a imagem de Napoleão de forma diferente do habitual dentro da comunidade científica. Para milhares de pessoas Napoleão foi muito mais do que apenas um grande general, sendo, ainda nos dias de hoje, uma inspiração e um verdadeiro líder para pessoas espalhadas por todo o global. Essa foi, aliás, a razão da criação desta pequena biografia pouco comum dentro da História.
A
História da Humanidade é marcada por duas personagens essenciais ao decurso da
Humanidade. Todos os acontecimentos descritos e estudados pela História tiveram
como protagonistas um herói coletivo como um povo de uma região ou um exército,
por exemplo, contudo, este coletivo foi sempre liderado e comandado por alguém
que se destacou dos demais e que foi capaz de inspirar e ter força para se
afirmar como líder. Um dos mais emblemáticos e conhecidos líderes da época
moderna foi Napoleão Bonaparte. Durante quase duas décadas este homem liderou
os destinos políticos de França e foi Imperador de quase toda a Europa
Continental, derrubando velhos e poderosos impérios. A sua mentalidade, que
desde cedo se destacou das demais devido ao exemplo que procurava dar, e a
coragem que em todas as suas decisões se mostrava bastante visível fez-me
escolhê-lo como líder a ser estudado neste trabalho.
Napoleão
nasceu na periférica ilha da Córsega, no ano de 1769. Desde cedo que os seus
pais, membros de uma pequena nobreza local, investiram na educação de Napoleão.
Na sua adolescência foi estudar para Paris primeiro para um colégio católico
para depois ingressar a Academia Militar de Paris. É nesta altura que o seu pai
morre colocando-o numa situação de debilidade económica. A falta de dinheiro
para pagar os dois anos de curso na Academia incentivou Napoleão a trabalhar
afincadamente permitindo-lhe terminar o curso em apenas um ano. Naquela época
todos os cargos políticos e militares estavam destinados à nobreza mais
influente e poderosa devido à forte estratificação social. Após terminar o
curso Napoleão passa a ser um oficial de baixa patente no exército francês, nas
divisões de artilharia. Com o início da Revolução Francesa a vida de Napoleão
sofre grandes alterações. Desde cedo que apoiou a causa republicana, tendo
ficado ao lado dos jacobinos durante a década de noventa do século XVIII. Um
dos seus maiores feitos militares, tendo sido um momento em que liderou de
forma decisiva uma pequena unidade do exército francês foi o cerco de Toulon.
Esta cidade do sul de França havia-se revoltado contra o governo jacobino de Paris
e estava agora controlada pela marinha inglesa. Através da execução de um plano
elaborado por Napoleão as forças francesas tomaram a cidade de assalto
expulsando a marinha inglesa. A partir deste momento a imagem de Napoleão
começou a ganhar um significado nacional. Os seus feitos militares
permitiram-lhe crescer dentro da hierarquia militar ao mesmo tempo que
politicamente se destacava que ganhava relevo. Aquando da campanha italiana,
Napoleão era já apoiado por uma significativa parte do exército francês que via
nele importantes qualidades como a inteligência e astúcia militar, bem como a
inspiração e confiança que transmitia para os seus homens. Um dos momentos com
maior significado para a elevação da sua pessoa a líder incontestável foi a
Batalha da Ponte de Arcole. Nesta batalha Napoleão liderou as suas forças na
primeira linha estando ao lado deles e não na segurança da retaguarda onde os
generais ficavam. A vitória obtida nesta batalha permitiu garantir o controlo
de todo o norte de Itália, todavia, o verdadeiro significado desta vitória foi
muito além da simples conquista territorial. A atuação de Napoleão ao longo de
toda a campanha permiti que se considere este general como um verdadeiro líder
com várias características diferenciadoras. O estilo de liderança de Napoleão é
autocrático, mas também inspiracional. A forte e coesa organização e disciplina
que impôs no seu exército permitiu-lhe obter a confiança dos seus subordinados
e, consequentemente, assegurar uma excelente prestação no campo de batalha,
porém, os seus soldados tinham uma crença extrema em Napoleão e nas suas
capacidades derivada da forma como se sentiam inspirados por este líder que os
guiava através do exemplo próprio.
Não
tardou muito até que Napoleão passasse a ser adorado e apoiado pela maioria do
povo francês que via nele o líder que tanto ansiavam para estabilizar e
desenvolver uma França desgastada por quase dez anos de revoluções. Foi através
desta admiração coletiva que Napoleão foi coroado Imperador por um povo que
anos antes havia abolido a monarquia. As enormes reformas a nível económico,
administrativo e social foram de tal forma relevantes que podemos considerar
esta liderança como transformacional, uma vez que se deu uma revolução de tal
ordem que poucas foram as instituições que se mantiveram intactas à profunda
reforma napoleónica. Uma das provas mais claras desta reforma foi o código
napoleónico que se manteve em França até aos ano de 1994.
Contudo,
e apesar deste magnânimo e inspirador líder ter tido sucessos colossais como a
Batalha de Austerlitz, no ano de 1805 onde derrubou o Império Austro-Húngaro e
humilhou os generais russos ou ainda a conquista de cidades como Berlim, Viena,
Varsóvia ou Moscovo, Napoleão cometeu um grave erro que acabaria por comprometer
todos os grandes feitos anteriormente obtidos. No ano de 1812, o Imperador
francês decide invadir a Rússia, apesar de não se poder considerar um derrota
do ponto de vista militar, Napoleão acabaria por perder a elite do seu exército
nesta invasão mal calculada e, a longo prazo, estas perdas custar-lhe-iam a sua
posição como imperador de toda a Europa continental e de França. Acabaria por
falecer poucos anos depois na remota e isolada ilha de Santa Helena.
Em
suma, a vida de Napoleão foi feita de vitórias e sucessos coroados de glória.
Este homem, proveniente de uma pequena e periférica ilha do mediterrâneo,
acabaria por ser durante mais de uma década líder de quase toda a Europa
Continental sendo fonte de inspiração e motivo de orgulho de uma nação inteira
e de muitos que devido às fortes capacidades de liderança que mostrava ter, se
sentiam motivados a segui-lo e a trabalhar para ele.