sábado, 29 de outubro de 2016

Breve História da Moeda, Crédito e Banca

Desde o início das primeiras comunidades que o Homem troca bens entre si no sentido de satisfazer as suas necessidades. Relacionado com este comércio esteve sempre o conceito de Moeda como elemento facilitador das trocas. O primeiro sistema comercial assentava no conceito de Barter, ou seja, os bens eram trocados por outros bens havendo assim troca direta. Este modelo, além de manter um volume de comércio muito abaixo do nível ótimo, apresentava também falhas relativas ao preço dos bens e à viabilidade das trocas numa escala superior. As civilizações chinesas e gregas criaram, como sistema substituto o Commodity Money que passava a definir como elemento aceite por todos um material, normalmente o ouro ou a prata. Apesar desta nova moeda corrigir algumas das limitações anteriores , outras mantinham-se como a pouca praticabilidade no transporte e a possibilidade de falsificação dos metais usados.
Com a queda do Império Romano caiu também o primeira moeda genericamente aceite na maioria das trocas comerciais. Tal sistema só voltou a ser introduzido com o Império Carolíngio que centralizou a cunhagem da moeda aumentando a sua aceitação ao mesmo tempo que criava os primeiros sistemas de desvalorização. Apesar de inovador, este sistema acabaria por desaparecer com a desintegração do Império. No entanto, surgia por esta altura nas regiões do norte de Itália as primeiras Bill of Exchange que mais não eram que uma nota de crédito garantida por um Moneychanger ou Bank. Também por esta época surgiam as primeiras formas de Fiduciary Money sem qualquer valor real estes papéis representavam valores depositados ou em dívida e poderiam ser imitidos por qualquer banco privado. Esta nova realidade monetária assentava numa estrutura de confiança por parte do público em geral e de prudência por parte do banco que deveria manter um nível mínimo de dinheiro depositado (fractional reserve banking). Com o surgimento dos bancos e das casas de câmbio os empréstimos e as taxas de juro surgiram e prosperaram na Europa. Se no início os juros estavam associados à usura e como tal eram censurados pela Igreja, o evoluir da realidade económica levou a que estes fossem sendo regulados e consequentemente o seus valor diminuiu substancialmente.
Vemos portanto que o comércio e a moeda apresentam uma correlação intensa sendo a moeda facilitadora de um aumento do comércio tanto em quantidade como em escala. Daí que os Estados tenham, a partir da segunda metade do século XIX apostado na regulação e consolidação da moeda e da atividade bancária  (até então sucessivamente afetada por falências. A criação dos Bancos Centrais foi uma solução de muitos dos estados no final do século XIX que a partir de então não mais seriam bancos comerciais, mas antes os únicos bancos emissores de notas e moedas e responsáveis pela regulação dos restantes bancos. Este modelo, aliado ao abandono do gold standard garantiu uma confiança generalizada nos bancos que consolidou definitivamente o fiduciary money.
A evolução da moeda e o crescimento da economia levaram a uma maior diversificação tanto das possibilidades de crédito como dos tipos de bancos. Desde o início que os Bancos britânicos optaram por investir e emprestar a empresas e negócios de vários países diversificando o risco e a vulnerabilidade a uma só economia. Por outro lado os bancos franceses e alemães investiam de forma intensiva nas empresas e empreendimentos dos seus próprios países. Entre o século XIX e o início do século XX aliado aos bancos surgiu também o Stock Market como uma alternativa de financiamento da atividade económica. Apesar de até à segunda metade do século XX as bolsas serem apenas para os grandes bancos de investimento e para as corretoras, devido aos seus elevados que apenas beneficiavam aqueles que funcionavam em economias de escala.

Podemos assim concluir que evolução monetária permitiu uma diminuição dos custos e dos riscos que privilegiou o comércio e como tal o crescimento da economia. Simultaneamente temos o crescimento da atividade bancária e de crédito que permitiu o desenvolvimento de projetos com necessidades de capital mais exigentes. Estes projetos puderam ainda dispensar parte do seu capital pelos Stock Markets de modo a minimizar os custos beneficiando de juros mais reduzidos.